ACHADOS CLÍNICOS, COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS E MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS RELACIONADAS A INFECÇÃO CONGÊNITA POR ZIKA VÍRUS
Resumo
Após um aumento inesperado do número de recém-nascidos microcefálicos associados à uma história materna de doença exantemática durante a gravidez, foi descoberto que o vírus Zika pode levar a uma infecção congênita por transmissão vertical com repercussões neurológicas e sistêmicas. No presente estudo, foram revisados vinte e nove casos de crianças diagnosticadas com infecção congênita por Zika Vírus e microcefalia, sendo descrito os principais achados clínicos, complicações neurológicas e malformações congênitas sistêmicas. Cinquenta e um por cento das mães relataram a presença de sintomas sugestivos de Febre do Zika no primeiro trimestre da gravidez. Em relação as complicações neurológicas detectadas, a epilepsia foi a de maior relevância, afetando 79% dos casos. A alteração comportamental encontrada com maior frequência foi a irritabilidade (n=4). Cinquenta e um por cento das crianças apresentaram linguagem no estágio inicial de sons guturais (n=15) e quarenta e um por cento não apresentavam controle cervical completo (n=12) ao serem avaliadas aos 24 meses de vida, configurando grave atraso no desenvolvimento neurológico esperado para a idade. Noventa e três por cento dos pacientes apresentaram algum tipo de comprometimento motor. Dentre os acometidos, 100% apresentou padrão motor de tetraparesia espástica. Malformações cardíacas, renais e ósseas foram as principais encontradas no estudo (n=9). Os dados do presente estudo visam auxiliar a construção do conhecimento científico sobre a evolução natural da infecção congênita por Zika vírus e contribuir na incorporação de novas evidências para melhor descrever a história natural dessa doença.
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Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. ISSN: 1414-0365